EXPLICANDO UM POUCO AS FENDER JAPAN REEDIÇÕES
Bom, como não existe um site/blog, onde há suficiente informação em português a respeito da Fender Japan, faço eu aqui, uma postagem na qual aborda muitas coisas sobre o assunto. Não vou conseguir detalhar tudo, e por favor, não enviem mensagens perguntando qual madeira do corpo desta ou da outra guitarra/baixo que você tem (para saber, leve num luthier), e se é melhor esta ou outra. Tentarei expor aqui muita coisa e acredito que com essas informações já será o bastante para saber.
Este guia foi feito a partir das muitas informações encontradas em fóruns, sites, e de experiências pessoais, mas sintetizadas num único artigo. Muitas informações ficam por aí na internet, jogadas um pouco aqui, um pouco ali... isso dificulta muito o entendimento, principalmente para quem não tem familiaridade com o inglês.
As diferenças entre "Made in Japan" e "Crafted in Japan"
De acordo com um representante da Fender, quando houve a mudança do contrato da Fujigen Gakki para outra fábrica, o logotipo foi alterado de "Made in Japan" (MIJ) para "Crafted in Japan" (CIJ).
As primeiras Fender CIJ começaram por volta de 1992 mas quase todas as Fender japonesas até 1996/97 eram MIJ.
Em 1991/92, a Fujigen estava expandindo as operações das fábricas, criando a Fujigen Hirooka Inc., para conseguir adicionar à sua produção guitarras de braço colado ("set neck"), como nas Orville (contrato da Gibson). Durante essa expansão, houveram atrasos e a Dyna Gakki acabou pegando uma parte da produção da Fender Japan para ela, o que resultou no uso do logotipo "Crafted in Japan".
Em 2007, a Fender Japan retomou o uso do logotipo "Made in Japan", ao invés de "Crafted".
A Fujigen usava um adesivo "Made in Japan" com fonte de letras góticas na base do braço. A Terada usava uma fonte de letras góticas também mas diferente da Fujigen. A Dyna usava letras como a de um carimbo.
A partir de 1997, a maioria das guitarras já eram feitas pela Dyna/Tokai, usando "Crafted in Japan".
Particularmente, a Tokai usava uma fonte de letra cursiva.
Todos os instrumentos com serial "JV" e "E" foram feitas pela Fujigen.
Todos os instrumentos com serial "JV" e "E" foram feitas pela Fujigen.
Não vou discutir aqui Fender Japan Standard e modelos "modernizados", pois apesar das variadas versões e opções, todas elas são em basswood, nas de escala clara o braço é em maple em peça única (como todas, com exceção da reedição '68), em escalas escuras a diferença é somente a colocação de uma peça de rosewood na escala. As variações mais comuns são as com Floyd Rose, Contemporary 22 (pontes Kahler), Aerodine, Standard Foto Flame (corpo em basswood, mas com aplicação de um "filme especial fotográfico" sobre a madeira, deixando a aperência de maple "tigrado". Existem reedições Foto Flame e alguns modelos têm essa aplicação até no braço, e neste caso, ela são em alder geralmente, com tampo de basswood com essa aplicação de filme). Como coloquei no título, o conteúdo foca nas reedições...
De acordo com minha experiência em Fender Japan, já tive mais de 30 (algumas eu tenho fotos detalhadas, inclusive de neck pocket e cavidades), posso falar que pode variar, sensivelmente, de um lote para outro, de um ano para outro. Espessura do braço, qualidade de madeira, peso, etc. Falar que "Crafted" é melhor que "Made", ou vice-versa, é uma besteira. Tudo depende do modelo específico, lote, etc. E não adianta querer comparar uma Fender Strato Japan Standard e uma Strato Reedição código ST62-115 por exemplo - tem gente que não sabe nem distinguir uma da outra, ou nem sabe da existência dessa diferença. Indo mais a fundo, e muita gente não sabe, uma reedição '62 pode ter acabamentos diferentes de fábrica, como ST62-55, ST62-85, ST62-115, e dependendo do ano este último número muda (ele é o preço em Yen que a fábrica já estipula para os diferentes padrões a serem vendidos nas lojas - 55 Yens, 85 Yens, 115 Yens, respectivamente, no exemplo). As que acabaram vindo para o Brasil (alguém trouxe de lá, ou importação independente), na maioria das vezes eram/são as mais baratas, mesmo dentro dos modelos de reedição. Achar uma ST57-115 aqui é muito difícil mesmo. Agora vc deve estar se perguntando qual é a diferença entre esses padrões de fábrica... mas vamos entender os códigos básicos existentes:
1) Primeira parte do código do modelo exato são duas letras (geralmente):
ST - Stratocaster
TL - Telecaster
TC - Telecaster Custom
TN - Thinline
JM - Jazzmaster
JG - Jaguar
MG - Mustang
PB - Precision Bass
JB - Jazz Bass
JAB - Jaguar Bass
MB - Mustang Bass
Existem muitas outras designações, como STR, AST, ST57M, etc., e cada um representa uma variação de configuração - nestes 3 exemplos citados, todos são modelo Stratocaster, mas existem diversos de Tele, Jaguar, etc.
2) Segunda parte do código é o modelo específico da reedição:
'54,'57,'62, '68, '71, '72, etc.
3) Terceira parte é o preço em Yens (multiplicar por 1000) do instrumento a ser vendido:
55 (55.000), 65 (65.000), 70, 85, 115, etc.
Exemplificando, o modelo TL62-85 é uma Telecaster reedição '62 a ser vendida a 85.000 Yens, nova, na loja lá no Japão.
Mas afinal, qual a diferença de construção, madeira, elétrica, entre os diferentes preços praticados? Bom, isso é muito técnico pois existem "zilhões" de variações e detalhes, mas vou responder da seguinte forma: todos os modelos com final "55" e "65" são em basswood com pintura em poliuretano, elétrica Japan, bem como modelos standard, contemporary, aerodine, photoflame, e modelos com Floyd Rose de fábrica de forma geral (contudo, existem algumas raras exceções).
Acima de "70" (70.000 Yens), os corpos são alder ou ash. Reedições com final "85" no código, ou mais, têm pintura em nitrocelulose, abaixo disso, todos com pintura em poli.
Mas afinal, qual a diferença de construção, madeira, elétrica, entre os diferentes preços praticados? Bom, isso é muito técnico pois existem "zilhões" de variações e detalhes, mas vou responder da seguinte forma: todos os modelos com final "55" e "65" são em basswood com pintura em poliuretano, elétrica Japan, bem como modelos standard, contemporary, aerodine, photoflame, e modelos com Floyd Rose de fábrica de forma geral (contudo, existem algumas raras exceções).
Acima de "70" (70.000 Yens), os corpos são alder ou ash. Reedições com final "85" no código, ou mais, têm pintura em nitrocelulose, abaixo disso, todos com pintura em poli.
Agora você deve estar se perguntando como saber o código de uma Fender Japan... a maneira mais fácil é vendo no "neck pocket" - lá pode ser que conste o código. Caso não tenha nada, ou somente uma letra em carimbo vermelho, aí terá que ser avaliando o conjunto inteiro, levando em consideração elétrica, peças (algumas são específicas de uma determinada versão de um modelo), verniz da pintura, cor, ano, etc. E para isso, somente levando numa pessoa que realmente entenda, ou procurando intensamente no Google... infelizmente não tem outro jeito. Veja exemplos abaixo de códigos carimbados:
Para os donos de Jaguar e Jazzmaster: todas que foram "Crafted" são em alder, bem como as "Made in Japan" mais novas (depois de 2007). As mais antigas, antes de 1997, só é possível saber com o modelo específico.
MADEIRAS
Diferenças entre madeiras mais usadas pela Fender Japan:
Alder - Madeira mais utilizada nas Fender americanas, tem ressonância nos médios. Apresenta veios mas não tão pronunciados quanto o ash.
Ash - Muito usada em guitarras onde a intenção é mostrar o desenho da madeira pois possui veios bem definidos. Tem característica mais "flat", e deixa mais evidente o brilho do som ("estalado"), e um grave mais profundo - dá a impressão de que o som é mais "para fora", "aberto".
Ash sen - Tem a aparência de ash, mas sonoramente é parecido com alder (eu diria levemente mais para médio agudo).
Basswood - Madeira sem veios, bem "lisa" (poucos veios aparentes, quando é possível ver). Tem ressonância mais nos graves, proporcionando um "voicing" mais para "dentro", "fechado", com mais "peso".
Poplar - Muito parecido com basswood, na aparência e na ressonância.
Poplar - Muito parecido com basswood, na aparência e na ressonância.
Mahogany (mogno)
Maple - madeira de cor clara usada para confecção de todos os braços (com raras exceções) da Fender Japan, inclusive americanas e mexicanas. Quando a escala é também em maple, o som é mais voltado para o agudo, som mais "aberto" e "brilhante".
Rosewood - madeira de cor escura, usada somente na escala - possui característica sonora mais "fechada", mais "aveludado", voltado para os graves.
Maple - madeira de cor clara usada para confecção de todos os braços (com raras exceções) da Fender Japan, inclusive americanas e mexicanas. Quando a escala é também em maple, o som é mais voltado para o agudo, som mais "aberto" e "brilhante".
Rosewood - madeira de cor escura, usada somente na escala - possui característica sonora mais "fechada", mais "aveludado", voltado para os graves.
Nesse vídeo https://www.youtube.com/watch?v=MaO0yObNfV4 onde é entrevistado pela Premier Guitar, ele comenta aos 9:35min que para ele o basswood é mais musical, e por isso da sua guitarra assinatura ser nessa madeira, apesar de ele estar testando uma em alder (a que ele segura nas mãos).
Outro que prefere basswood é o Jeff Beck... veja neste vídeo o técnico dele falando sobre suas guitarras, e aos 3:05min ele fala que a preferida dele é em basswood (corpo não original da guitarra), e ele usou por pelo menos 12 anos, e pior, ele prefere ela do que as 8 Custom Shop que ele tem, e acabam ficando na "reserva"... https://www.youtube.com/watch?v=W4EBBPOr2no
De toda forma, muita gente vai preferir Alder, pois é o som de muitos outros artistas como Eric Clapton, John Mayer, Buddy Guy, Yngwie Malmsteen, Jimi Hendrix, Eric Johnson, etc.
Alguns como Mark Knopfler e Hank Marvin tem stratos em ash... vai de gosto mesmo.
No site Louco por guitarra http://guitarra99.blogspot.com.br/2014/09/ao-comprar-uma-fender.html ele diz:
O primeiro mito que tem que cair é o de que as Fender Made In Japan (MIJ) são excelentes. Até 1984, no máximo 85, tudo bem. Daí em diante, apenas as séries especiais (que não vinham para o Brasil) são boas. Mais de 90% das Fender MIJ e CIJ (Crafted In Japan) têm corpo de basswood e captadores bem genéricos. Novamente, pra evitar outra leva de perguntas, não dá pra saber se o corpo é basswood ou alder exceto retirando a tinta. Mas pela lógica e fatos, aposte no basswood.
Realmente, grande parte das Fender Japan são em basswood, mas não precisa tirar a tinta para saber... é só ir no local da guitarra onde geralmente não tem tinta, que é o "neck pocket" (às vezes até lá tem tinta). O basswood é uma madeira clara e macia - se estiver muito esbranquiçada, lisa (sem veios aparentes), e apertando com a unha do dedão marcar facilmente, é sinal que há grandes chances de ser basswood. Outra forma é comparando a ressonância com outra Fender, de alder por exemplo (precisa ter muita noção de ressonância de madeiras).O que entendi da colocação dele, de que até 1985 são excelentes e depois disso só as séries especiais são boas, é que todas que são basswood não são boas... (detalhe: já tive duas Fender Strato serial JV de 1984 e eram em basswood... e sim, elas eram originais). Já falei sobre o basswood anteriormente, mas se a pessoa não gosta dessa madeira e quer ter uma Fender, compre uma mexicana ou americana pois é mais fácil de achar do que uma Fender Japan em alder, fazer o quê... mas se ela acha que a elétrica é ruim, trocar captadores e elétrica é bem fácil, e fazendo isso numa reedição Japan, você terá uma excelente guitarra na minha opinião, considerando o custo-benefício e outras opções disponíveis como Fender mexicana, American Standard, etc. (tem gente que está satisfeito/gosta da elétrica das Japan, mesmo ele achando que não é boa...). O ponto a ser relevado é que as Fender Japan têm construção muito boa, e tem valor de mercado que fica entre as mexicanas e as americanas, de forma geral. Uma pergunta que faço é a seguinte: você sabe a diferença que uma chave seletora ou potenciômetro de marcas diferentes faz no timbre da guitarra? Nenhuma. Qual a diferença entre um potenciômetro CTS (ou uma chave seletora CRL por exemplo) e um genérico desses pequenos da Gotoh ou Alpha? A durabilidade... o CTS vai durar mais de 50 anos se bem usado e conservado, enquanto o Gotoh vai durar "só" uns 30-40 anos (é um número bem grosseiro, mas é só para ilustrar a ideia). Se a guitarra pega muita umidade, até o CTS vai ficar ruim, ou a chave CRL, etc. E outra, as pessoas que falam que a tal elétrica de tal guitarra é ruim ou boa, sabem sobre capacitância de cabos/fios e o impacto no som? Se não, então busque saber...
Com relação à braços, cito aqui novamente que TODAS que possuem escala clara o braço é em maple em peça única (com exceção da reedição '68) com uma tira de madeira escura ("skunk stripe") na parte de trás. Em escalas escuras o braço é inteiriço de maple com a colocação de uma peça de rosewood na escala
Curiosidade sobre escalas em rosewood
Acrescento aqui uma informação que pouca gente sabe e comenta, que é o tipo de formato de colagem da escala, quando em rosewood. Veja a foto com os dois tipos, à esquerda "slab board" e à direita "veneer":
O tipo "slab board" proporciona som mais "aveludado", "redondo", por ter mais massa de rosewood, obviamente. Nas Fender Japan, todas as escalas em rosewood são tipo "slab".
SERIAIS E ANOS DE FABRICAÇÃO
Seriais | Ano de |
Fender Japan | Fabricação |
JV + 5 dígitos | 1982 - 1984 |
SQ + 5 dígitos (só Squier) | 1983 - 1984 |
(MIJ) E + 6 dígitos | 1984 - 1989* |
(MIJ) A + 6 dígitos | 1985 - 1986 |
(MIJ) B + 6 dígitos | 1985 - 1986 |
(MIJ) C + 6 dígitos | 1985 - 1986 |
(MIJ) F + 6 dígitos | 1986 - 1987 |
(MIJ) G + 6 dígitos | 1987 - 1988 |
(MIJ) H + 6 dígitos | 1988 - 1989 |
(MIJ) I + 6 dígitos | 1989 - 1990 |
(MIJ) J + 6 dígitos | 1989 - 1990 |
(MIJ) K + 6 dígitos | 1990 - 1991 |
(MIJ) L + 6 dígitos | 1991 - 1992 |
(MIJ) M + 6 dígitos | 1992 - 1993 |
(MIJ) N + 6 dígitos | 1993 - 1994 |
(MIJ) O + 6 dígitos | 1993 - 1994 |
(MIJ) P + 6 dígitos | 1993 - 1994 |
(MIJ) Q + 6 dígitos | 1993 - 1994 |
(MIJ) S + 6 dígitos | 1994 - 1995 |
(MIJ) T + 6 dígitos | 1994 - 1995 |
(MIJ) U + 6 dígitos | 1995 - 1996 |
(MIJ) V + 6 dígitos | 1996 - 1997 |
mudança de MIJ para CIJ** | 1992 - 1997 |
(CIJ) A + 6 dígitos | 1997 - 1998 |
(CIJ) B + 6 dígitos | 1998 - 1999 |
(CIJ) O + 6 dígitos | 1997 - 2000 |
(CIJ) P + 6 dígitos | 1999 - 2002 |
(CIJ) Q + 6 dígitos | 2002 - 2004 |
(CIJ) R + 6 dígitos | 2004 - 2005 |
(CIJ) S + 6 dígitos | 2006 - 2008 |
(CIJ) T + 6 dígitos**** | 2007 - 2010 |
mudança de CIJ para MIJ*** | 2007 - 2010 |
(MIJ) U + 6 dígitos | 2010 - 2011 |
(MIJ) JD11 + 6 dígitos | 2011 |
(MIJ) JD12 + 6 dígitos | 2012 |
(MIJ) JD13 + 6 dígitos | 2013 |
(MIJ) JD14 + 6 dígitos | 2014 |
*Apesar de nunca ter visto (nem na internet), é possível que exista serial "E" de 1984. Já tive Fender Japan com serial "E" datando 1988 e 1989 na base do braço (inscrição à lápis, embaixo do verniz original), e já vi em fóruns fotos de Fender Japan da mesma forma. Veja exemplo de uma 1988 que tive:
** Como já exposto anteriormente, existem algumas "Crafted in Japan" desde 1992 (já tive uma CIJ serial N, provavelmente de 1993/94), mas a mudança definitiva foi em 1996/97.
*** Mudança novamente de CIJ para MIJ nos anos 2007/08, e estendeu até 2010 a designação CIJ. Podem haver também MIJ com serial T + 6 dígitos.
**** Para alguns modelos diferentes como Pawn Shop '51, '72, Mustang Special, Precision Bass '70s, Jaguar Bass, Geddy Lee e Marcus Miller Jazz Bass, o serial T + 6 dígitos se extendeu até 2011, com inscrição "Made in Japan".
**** Para alguns modelos diferentes como Pawn Shop '51, '72, Mustang Special, Precision Bass '70s, Jaguar Bass, Geddy Lee e Marcus Miller Jazz Bass, o serial T + 6 dígitos se extendeu até 2011, com inscrição "Made in Japan".
Telecasters - em algumas reedições japonesas, o serial não vai estar junto com a inscrição Made/Crafted in Japan, e terá um serial na ponte. Contudo, este serial sempre começará com a letra "A" (não se aplica a tabela neste caso), e infelizmente só será possível saber o ano se houver escrito à lápis na base do braço (isso se o braço for do conjunto original da guitarra...). Caso não, terá que ser analisado todo o conjunto e comparar com os modelos oferecidos nos catálogos ao longo dos anos... bem complicado, e boa parte das vezes não será possível saber.
A Fender Japan não exportava suas guitarras para não haver conflito com as americanas/mexicanas, e sempre foi voltada para o mercado interno. Porém, algumas eram feitas especialmente para exportação, como a Squier no começo (já explicado anteriormente), e depois de 1985 até meados da década de 90, vinham com a incrição "EX" no final do código estampado:
SERIAIS "JV" e "SQ" - a época de "ouro"
Todas as Fender Japan, produzidas entre 1982 a 84 são seriais "JV", inclusive algumas Squier (que na época usava o nome Squier para os modelos de exportação, pois a Fender não queria que a Fender Japan exportasse usando a marca Fender). Os seriais "SQ" foram usados somente para Squier, entre 1983/84.
Basicamente tem 3 padrões de preço para um mesmo modelo Fender Strato JV, final 65, 85 e 115. As 65 tem corpo em basswood, pintura em poliuretano, elétrica Japan (potenciômetros grandes, mas não são CTS, e chave de 3 posições DM-3 Japan) e captadores USA 57/62, ponte vintage com bloco grande em die-cast. As 85 tem corpo em alder, pintura em nitrocelulose e bloco da ponte em aço, o resto igual. As 115 são as mais caras, a construção é mais meticulosa (impecável), todos os "plásticos" (escudo, knobs, capas de captadores) são americanos, potenciômetros CTS, chave CRL e capacitor americanos, captadores USA, possui placa de blindagem embaixo do escudo (inteiro nas '62 e só na parte de baixo nas '57), pintura em nitrocelulose e bloco da ponte em aço.
No caso da Telecaster, eram duas opções para cada modelo ('52 e '62), 65 e 95. Nas 65, corpo em basswood, eletrônica Japan, pintura em poliuretano. Nas 95, pintura em nitro, corpo em alder e eletrônica USA. Haviam também a Telecaster Custom (TC72-65), Tele Thinline (TL72-70) e Tele Paisley (TL69-75).
Muita gente vai se guiar pelo carimbo no "neck pocket", se "A" ou "B" ou "C", (há um certo padrão para as letras, que é 115 para "A", 85 para "B" e 65 para "C") mas existem STxx-115 que tem carimbo B e tem STxx-85 com carimbo C... aí complicou né... pois é, apesar de seguir um certo padrão, nem sempre bate exatamente. Para saber, somente vendo se a pintura é em nitrocelulose, se o bloco é em aço, etc. Veja abaixo uma ST57-115 serial JV com carimbo "B" no "neck pocket" para exemplificar:
Já ouvi gente falar que a melhor JV é aquela que tem o corpo em uma peça única... bom, verdade, seria se realmente existisse... até agora não vi nenhuma, nem na internet. Tem um cara que jura de pé junto que é inteiriço o corpo da guitarra deste link:
http://www.eddievegas.com/store/details/1982-JV-ST62_115-Fender-1962-Japan-Stratocaster-LOW-Ser_NUM_-Killer-Collector-Find!.php
Mas veja a tal guitarra:
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Logo aqui é possível ver a emenda (a um dedo aproximadamente do "neck pocket", passando bem próximo dos furos do escudo)
E o mesmo na parte de trás, na mesma altura... (coloquei as flechas para facilitar a visualização - clique na imagem para vê-la por inteiro)
O cara é um grande negociador lá dos EUA, mas foi infeliz nessa, inclusive disse que não aceitaria devolução sob o argumento de ser 2 peças, caso a pessoa achasse... bom, lógico que se a pessoa não consegue ver isso na hora é porque não "manja" e vai acreditar no que ele está falando... mas isso mostra o nível elevadíssimo de construção das JVs.
Quem souber de uma de 1 peça, envie-me fotos de alta qualidade que eu estou para ver uma...
A vasta maioria é feita de 3 peças, podendo variar entre 2 a 4 peças. Hoje há modelos como a Strato VSP Japan que é quase no mesmo nível de qualidade (seria a STxx-115 de hoje).
Réplicas de Fender Japan e/ou peças trocadas
Hoje em dia, existem muitas pessoas falsificando guitarras, e a única dica eu posso passar é que você pergunte para alguém que entenda, leve num luthier antes de comprar, ou confie na pessoa de quem compra. Se você é leigo e quer comprar, pesquise muito antes na internet e compare os detalhes. Tem vídeos no Youtube, vários artigos e fóruns. Novamente, são muitos os detalhes... não dá para ficar citando um por um.
Informação "inútil" sobre escudos
Uma observação faço aqui é que todas as Fender Stratocaster Japan Standard, reedições '62 e '68, têm o escudo original com este parafuso equidistante dos dois captadores:
Nas Standards americanas e mexicanas, o furo é mais próxima do captador do meio, bem como nas reedições (mesmo Japan) '70 - '72. Mas troca de escudo é coisa simples e muita gente faz, mesmo que a furação não seja a mesma do original - não influencia em nada no som, só apenas um detalhe. Outra coisa com relação à escudo, é que os feitos para Fender Japan possuem um "rebaixamento" (corte inclinado) nos furos para que todos os parafusos entrem e fiquem rentes ao escudo.
Agradeço a visita e espero ter ajudado!
Por favor, só peço a gentileza de não enviar mensagens para tirar dúvidas com relação a preço de guitarras no geral, se é falsa ou não, qual madeira é esta ou aquela, se alguma peça foi trocada, qual é melhor ou pior, etc. São muitos detalhes e o melhor mesmo é levando alguém que saiba bastante sobre o assunto, e de preferência vendo ao vivo e a cores para avaliar tudo.