quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

FENDER JAPAN REISSUE - Guia sobre reedições, anos de fabricação, seriais e alguns outros detalhes

EXPLICANDO UM POUCO AS FENDER JAPAN REEDIÇÕES


Bom, como não existe um site/blog, onde há suficiente informação em português a respeito da Fender Japan, faço eu aqui, uma postagem na qual aborda muitas coisas sobre o assunto. Não vou conseguir detalhar tudo, e por favor, não enviem mensagens perguntando qual madeira do corpo desta ou da outra guitarra/baixo que você tem (para saber, leve num luthier), e se é melhor esta ou outra. Tentarei expor aqui muita coisa e acredito que com essas informações já será o bastante para saber.
Este guia foi feito a partir das muitas informações encontradas em fóruns, sites, e de experiências pessoais, mas sintetizadas num único artigo. Muitas informações ficam por aí na internet, jogadas um pouco aqui, um pouco ali...  isso dificulta muito o entendimento, principalmente para quem não tem familiaridade com o inglês.


As diferenças entre "Made in Japan" e "Crafted in Japan"

De acordo com um representante da Fender, quando houve a mudança do contrato da Fujigen Gakki para outra fábrica, o logotipo foi alterado de "Made in Japan" (MIJ) para "Crafted in Japan" (CIJ).
As primeiras Fender CIJ começaram por volta de 1992 mas quase todas as Fender japonesas até 1996/97 eram MIJ.
Em 1991/92, a Fujigen estava expandindo as operações das fábricas, criando a Fujigen Hirooka Inc., para conseguir adicionar à sua produção guitarras de braço colado ("set neck"), como nas Orville (contrato da Gibson). Durante essa expansão, houveram atrasos e a Dyna Gakki acabou pegando uma parte da produção da Fender Japan para ela, o que resultou no uso do logotipo "Crafted in Japan".
Em 2007, a Fender Japan retomou o uso do logotipo "Made in Japan", ao invés de "Crafted".

A Fujigen usava um adesivo "Made in Japan" com fonte de letras góticas na base do braço. A Terada usava uma fonte de letras góticas também mas diferente da Fujigen. A Dyna usava letras como a de um carimbo.
A partir de 1997, a maioria das guitarras já eram feitas pela Dyna/Tokai, usando "Crafted in Japan".
Particularmente, a Tokai usava uma fonte de letra cursiva.

Todos os instrumentos com serial "JV" e "E" foram feitas pela Fujigen.

Não vou discutir aqui Fender Japan Standard e modelos "modernizados", pois apesar das variadas versões e opções, todas elas são em basswood, nas de escala clara o braço é em maple em peça única (como todas, com exceção da reedição '68), em escalas escuras a diferença é somente a colocação de uma peça de rosewood na escala. As variações mais comuns são as com Floyd Rose, Contemporary 22 (pontes Kahler), Aerodine, Standard Foto Flame (corpo em basswood, mas com aplicação de um "filme especial fotográfico" sobre a madeira, deixando a aperência de maple "tigrado". Existem reedições Foto Flame e alguns modelos têm essa aplicação até no braço, e neste caso, ela são em alder geralmente, com tampo de basswood com essa aplicação de filme). Como coloquei no título, o conteúdo foca nas reedições...

Para mais informações sobre Foto Flames veja: http://xhefriguitars.com/page7.html

De acordo com minha experiência em Fender Japan, já tive mais de 30 (algumas eu tenho fotos detalhadas, inclusive de neck pocket e cavidades), posso falar que pode variar, sensivelmente, de um lote para outro, de um ano para outro. Espessura do braço, qualidade de madeira, peso, etc. Falar que "Crafted" é melhor que "Made", ou vice-versa, é uma besteira. Tudo depende do modelo específico, lote, etc. E não adianta querer comparar uma Fender Strato Japan Standard e uma Strato Reedição código ST62-115 por exemplo - tem gente que não sabe nem distinguir uma da outra, ou nem sabe da existência dessa diferença. Indo mais a fundo, e muita gente não sabe, uma reedição '62 pode ter acabamentos diferentes de fábrica, como ST62-55, ST62-85, ST62-115, e dependendo do ano este último número muda (ele é o preço em Yen que a fábrica já estipula  para os diferentes padrões a serem vendidos nas lojas - 55 Yens, 85 Yens, 115 Yens, respectivamente, no exemplo). As que acabaram vindo para o Brasil (alguém trouxe de lá, ou importação independente), na maioria das vezes eram/são as mais baratas, mesmo dentro dos modelos de reedição. Achar uma ST57-115 aqui é muito difícil mesmo. Agora vc deve estar se perguntando qual é a diferença entre esses padrões de fábrica... mas vamos entender os códigos básicos existentes:

1) Primeira parte do código do modelo exato são duas letras (geralmente):
ST - Stratocaster
TL - Telecaster
TC - Telecaster Custom
TN - Thinline
JM - Jazzmaster
JG - Jaguar
MG - Mustang
PB - Precision Bass
JB - Jazz Bass
JAB - Jaguar Bass
MB - Mustang Bass

Existem muitas outras designações, como STR, AST, ST57M, etc., e cada um representa uma variação de configuração - nestes 3 exemplos citados, todos são modelo Stratocaster, mas existem diversos de Tele, Jaguar, etc.

2) Segunda parte do código é o modelo específico da reedição:
'54,'57,'62, '68, '71, '72, etc.

3) Terceira parte é o preço em Yens (multiplicar por 1000) do instrumento a ser vendido:
55 (55.000), 65 (65.000), 70, 85, 115, etc.

Exemplificando, o modelo TL62-85 é uma Telecaster reedição '62 a ser vendida a 85.000 Yens, nova, na loja lá no Japão.

Mas afinal, qual a diferença de construção, madeira, elétrica, entre os diferentes preços praticados? Bom, isso é muito técnico pois existem 
"zilhões" de variações e detalhes, mas vou responder da seguinte forma: todos os modelos com final "55" e "65" são em basswood com pintura em poliuretano, elétrica Japan, bem como modelos standard, contemporary, aerodine, photoflame, e modelos com Floyd Rose de fábrica de forma geral (contudo, existem algumas raras exceções).

Acima de "70" (70.000 Yens), os corpos são alder ou ash. Reedições com final "85" no código, ou mais, têm pintura em nitrocelulose, abaixo disso, todos com pintura em poli. 

Agora você deve estar se perguntando como saber o código de uma Fender Japan...   a maneira mais fácil é vendo no "neck pocket" - lá pode ser que conste o código. Caso não tenha nada, ou somente uma letra em carimbo vermelho, aí terá que ser avaliando o conjunto inteiro, levando em consideração elétrica, peças (algumas são específicas de uma determinada versão de um modelo), verniz da pintura, cor, ano, etc. E para isso, somente levando numa pessoa que realmente entenda, ou procurando intensamente no Google...  infelizmente não tem outro jeito. Veja exemplos abaixo de códigos carimbados:



62NeckSocket.jpg

Para os donos de Jaguar e Jazzmaster: todas que foram "Crafted" são em alder, bem como as "Made in Japan" mais novas (depois de 2007). As mais antigas, antes de 1997, só é possível saber com o modelo específico.


MADEIRAS

Diferenças entre madeiras mais usadas pela Fender Japan:

Alder - Madeira mais utilizada nas Fender americanas, tem ressonância nos médios. Apresenta veios mas não tão pronunciados quanto o ash.
Ash - Muito usada em guitarras onde a intenção é mostrar o desenho da madeira pois possui veios bem definidos. Tem característica mais "flat", e deixa mais evidente o brilho do som ("estalado"), e um grave mais profundo - dá a impressão de que o som é mais "para fora", "aberto".
Ash sen - Tem a aparência de ash, mas sonoramente é parecido com alder (eu diria levemente mais para médio agudo).
Basswood - Madeira sem veios, bem "lisa" (poucos veios aparentes, quando é possível ver). Tem ressonância mais nos graves, proporcionando um "voicing" mais para "dentro", "fechado", com mais "peso".
Poplar - Muito parecido com basswood, na aparência e na ressonância.
Mahogany (mogno)
Maple - madeira de cor clara usada para confecção de todos os braços (com raras exceções) da Fender Japan, inclusive americanas e mexicanas. Quando a escala é também em maple, o som é mais voltado para o agudo, som mais "aberto" e "brilhante".
Rosewood - madeira de cor escura, usada somente na escala - possui característica sonora mais "fechada", mais "aveludado", voltado para os graves.

Essa rápida diferenciação que faço é apenas para ter um ideia, mas obviamente é impossível descrever com exatidão a característica sonora de cada madeira...  principalmente porque entre uma safra e outra há diferença de densidade, qualidade, corte, etc.

Muita gente fala que Basswood é ruim, que é usado nas guitarras mais baratas, que a ressonância é ruim, etc. Bom, dependendo do que a pessoa gosta ou quer, o basswood é mais adequado ou menos adequado, não tem essa de ruim. Com relação ao uso em guitarras baratas, realmente, é usado pois é uma madeira que tem em abundância no oriente (alguns gringos falam que se o Leo Fender tivesse produzindo lá, ele muito provalvemente usaria desde sempre, já que o alder é uma madeira que ele escolheu por ter em abundância nos EUA), contudo, a Ibanez modelo assinatura do Joe Satriani é em Basswood...  e não é uma guitarra barata.
Nesse vídeo https://www.youtube.com/watch?v=MaO0yObNfV4 onde é entrevistado pela Premier Guitar, ele comenta aos 9:35min que para ele o basswood é mais musical, e por isso da sua guitarra assinatura ser nessa madeira, apesar de ele estar testando uma em alder (a que ele segura nas mãos).
Outro que prefere basswood é o Jeff Beck...  veja neste vídeo o técnico dele falando sobre suas guitarras, e aos 3:05min ele fala que a preferida dele é em basswood (corpo não original da guitarra), e ele usou por pelo menos 12 anos, e pior, ele prefere ela do que as 8 Custom Shop que ele tem, e acabam ficando na "reserva"...  https://www.youtube.com/watch?v=W4EBBPOr2no

De toda forma, muita gente vai preferir Alder, pois é o som de muitos outros artistas como Eric Clapton, John Mayer, Buddy Guy, Yngwie Malmsteen, Jimi Hendrix, Eric Johnson, etc.
Alguns como Mark Knopfler e Hank Marvin tem stratos em ash...  vai de gosto mesmo.


O primeiro mito que tem que cair é o de que as Fender Made In Japan (MIJ) são excelentes. Até 1984, no máximo 85, tudo bem. Daí em diante, apenas as séries especiais (que não vinham para o Brasil) são boas. Mais de 90% das Fender MIJ e CIJ (Crafted In Japan) têm corpo de basswood e captadores bem genéricos. Novamente, pra evitar outra leva de perguntas, não dá pra saber se o corpo é basswood ou alder exceto retirando a tinta. Mas pela lógica e fatos, aposte no basswood.

Realmente, grande parte das Fender Japan são em basswood, mas não precisa tirar a tinta para saber... é só ir no local da guitarra onde geralmente não tem tinta, que é o "neck pocket" (às vezes até lá tem tinta). O basswood é uma madeira clara e macia - se estiver muito esbranquiçada, lisa (sem veios aparentes), e apertando com a unha do dedão marcar facilmente, é sinal que há grandes chances de ser basswood. Outra forma é comparando a ressonância com outra Fender, de alder por exemplo (precisa ter muita noção de ressonância de madeiras).
O que entendi da colocação dele, de que até 1985 são excelentes e depois disso só as séries especiais são boas, é que todas que são basswood não são boas... (detalhe: já tive duas Fender Strato serial JV de 1984 e eram em basswood...  e sim, elas eram originais). Já falei sobre o basswood anteriormente, mas se a pessoa não gosta dessa madeira e quer ter uma Fender, compre uma mexicana ou americana pois é mais fácil de achar do que uma Fender Japan em alder, fazer o quê...   mas se ela acha que a elétrica é ruim, trocar captadores e elétrica é bem fácil, e fazendo isso numa reedição Japan, você terá uma excelente guitarra na minha opinião, considerando o custo-benefício e outras opções disponíveis como Fender mexicana, American Standard, etc. (tem gente que está satisfeito/gosta da elétrica das Japan, mesmo ele achando que não é boa...). O ponto a ser relevado é que as Fender Japan têm construção muito boa, e tem valor de mercado que fica entre as mexicanas e as americanas, de forma geral. Uma pergunta que faço é a seguinte: você sabe a diferença que uma chave seletora ou potenciômetro de marcas diferentes faz no timbre da guitarra? Nenhuma. Qual a diferença entre um potenciômetro CTS (ou uma chave seletora CRL por exemplo) e um genérico desses pequenos da Gotoh ou Alpha? A durabilidade...  o CTS vai durar mais de 50 anos se bem usado e conservado, enquanto o Gotoh vai durar "só" uns 30-40 anos (é um número bem grosseiro, mas é só para ilustrar a ideia). Se a guitarra pega muita umidade, até o CTS vai ficar ruim, ou a chave CRL, etc. E outra, as pessoas que falam que a tal elétrica de tal guitarra é ruim ou boa, sabem sobre capacitância de cabos/fios e o impacto no som? Se não, então busque saber...

Com relação à braços, cito aqui novamente que TODAS que possuem escala clara o braço é em maple em peça única (com exceção da reedição '68) com uma tira de madeira escura ("skunk stripe") na parte de trás. Em escalas escuras o braço é inteiriço de maple com a colocação de uma peça de rosewood na escala


Curiosidade sobre escalas em rosewood

Acrescento aqui uma informação que pouca gente sabe e comenta, que é o tipo de formato de colagem da escala, quando em rosewood. Veja a foto com os dois tipos, à esquerda "slab board" e à direita "veneer":

Image

O tipo "slab board" proporciona som mais "aveludado", "redondo", por ter mais massa de rosewood, obviamente. Nas Fender Japan, todas as escalas em rosewood são tipo "slab".


SERIAIS E ANOS DE FABRICAÇÃO

Aqui vou colocar a relação mais completa dos seriais Fender Japan (até agora não vi uma mais completa que esta, incluindo o próprio site da Fender...  se alguém tiver mais informações, avise-me e atualizarei). Algumas Fender antigas têm a data de fabricação escrita à lápis na base do braço, e sempre na ordem mês, dia e ano (modo como os japoneses geralmente escrevem a data) - veja segunda foto nas observações da tabela abaixo. Para Telecasters, leia as observações.


SeriaisAno de
Fender JapanFabricação
JV + 5 dígitos  1982 - 1984
SQ + 5 dígitos (só Squier)1983 - 1984
(MIJ)  E + 6 dígitos  1984 - 1989*
(MIJ)  A + 6 dígitos1985 - 1986
(MIJ)  B + 6 dígitos  1985 - 1986
(MIJ)  C + 6 dígitos   1985 - 1986
(MIJ)  F + 6 dígitos   1986 - 1987
(MIJ)  G + 6 dígitos  1987 - 1988
(MIJ)  H + 6 dígitos   1988 - 1989
(MIJ)  I + 6 dígitos1989 - 1990
(MIJ)  J + 6 dígitos1989 - 1990
(MIJ)  K + 6 dígitos1990 - 1991
(MIJ)  L + 6 dígitos1991 - 1992
(MIJ)  M + 6 dígitos1992 - 1993
(MIJ)  N + 6 dígitos1993 - 1994
(MIJ)  O + 6 dígitos1993 - 1994
(MIJ)  P + 6 dígitos1993 - 1994
(MIJ)  Q + 6 dígitos1993 - 1994
(MIJ)  S + 6 dígitos1994 - 1995
(MIJ)  T + 6 dígitos1994 - 1995
(MIJ)  U + 6 dígitos1995 - 1996
(MIJ)  V + 6 dígitos1996 - 1997
mudança de MIJ para CIJ**1992 - 1997
(CIJ)  A + 6 dígitos1997 - 1998
(CIJ)  B + 6 dígitos1998 - 1999
(CIJ)  O + 6 dígitos1997 - 2000
(CIJ)  P + 6 dígitos1999 - 2002
(CIJ)  Q + 6 dígitos2002 - 2004
(CIJ)  R + 6 dígitos2004 - 2005
(CIJ)  S + 6 dígitos2006 - 2008
(CIJ)  T + 6 dígitos****2007 - 2010
mudança de CIJ para MIJ***2007 - 2010
(MIJ)  U + 6 dígitos2010 - 2011
(MIJ)  JD11 + 6 dígitos2011
(MIJ)  JD12 + 6 dígitos2012
(MIJ)  JD13 + 6 dígitos2013
(MIJ)  JD14 + 6 dígitos2014

Obs: MIJ - Made in Japan / CIJ - Crafted in Japan

*Apesar de nunca ter visto (nem na internet), é possível que exista serial "E" de 1984. Já tive Fender Japan com serial "Edatando 1988 e 1989 na base do braço (inscrição à lápis, embaixo do verniz original), e já vi em fóruns fotos de Fender Japan da mesma forma. Veja exemplo de uma 1988 que tive:




** Como já exposto anteriormente, existem algumas "Crafted in Japandesde 1992 (já tive uma CIJ serial N, provavelmente de 1993/94), mas a mudança definitiva foi em 1996/97.

*** Mudança novamente de CIJ para MIJ nos anos 2007/08, e estendeu até 2010 a designação CIJ. Podem haver também MIJ com serial T + 6 dígitos.

**** Para alguns modelos diferentes como Pawn Shop '51, '72, Mustang Special, Precision Bass '70s, Jaguar Bass, Geddy Lee e Marcus Miller Jazz Bass, o serial T + 6 dígitos se extendeu até 2011, com inscrição "Made in Japan".

Telecasters - em algumas reedições japonesas, o serial não vai estar junto com a inscrição Made/Crafted in Japan, e terá um serial na ponte. Contudo, este serial sempre começará com a letra "A" (não se aplica a tabela neste caso), e infelizmente só será possível saber o ano se houver escrito à lápis na base do braço (isso se o braço for do conjunto original da guitarra...). Caso não, terá que ser analisado todo o conjunto e comparar com os modelos oferecidos nos catálogos ao longo dos anos...  bem complicado, e boa parte das vezes não será possível saber.

Grande parte das Fender Japan da década de 80 (até início dos anos 90) vinha com a inscrição FENDER no neck plate, algumas com o logotipo "F" da Fender, e nas com serial "JV" era inscrito o serial:





A Fender Japan não exportava suas guitarras para não haver conflito com as americanas/mexicanas, e sempre foi voltada para o mercado interno. Porém, algumas eram feitas especialmente para exportação, como a Squier no começo (já explicado anteriormente), e depois de 1985 até meados da década de 90, vinham com a incrição "EX" no final do código estampado:

52_tele_02.jpg52_tele_01.jpg



SERIAIS "JV" e "SQ" - a época de "ouro"

Todas as Fender Japan, produzidas entre 1982 a 84 são seriais "JV", inclusive algumas Squier (que na época usava o nome Squier para os modelos de exportação, pois a Fender não queria que a Fender Japan exportasse usando a marca Fender). Os seriais "SQ" foram usados somente para Squier, entre 1983/84.


Basicamente tem 3 padrões de preço para um mesmo modelo Fender Strato JV, final 65, 85 e 115. As 65 tem corpo em basswood, pintura em poliuretano, elétrica Japan (potenciômetros grandes, mas não são CTS, e chave de 3 posições DM-3 Japan) e captadores USA 57/62, ponte vintage com bloco grande em die-cast. As 85 tem corpo em alder, pintura em nitrocelulose e bloco da ponte em aço, o resto igual. As 115 são as mais caras, a construção é mais meticulosa (impecável), todos os "plásticos" (escudo, knobs, capas de captadores) são americanos, potenciômetros CTS, chave CRL e capacitor americanos, captadores USA, possui placa de blindagem embaixo do escudo (inteiro nas '62 e só na parte de baixo nas '57), pintura em nitrocelulose e bloco da ponte em aço.

No caso da Telecaster, eram duas opções para cada modelo ('52 e '62), 65 e 95. Nas 65, corpo em basswood, eletrônica Japan, pintura em poliuretano. Nas 95, pintura em nitro, corpo em alder e eletrônica USA. Haviam também a Telecaster Custom (TC72-65), Tele Thinline (TL72-70) e Tele Paisley (TL69-75).

Muita gente vai se guiar pelo carimbo no "neck pocket", se "A" ou "B" ou "C", (há um certo padrão para as letras, que é 115 para "A", 85 para "B" e 65 para "C") mas existem STxx-115 que tem carimbo B e tem STxx-85 com carimbo C...  aí complicou né...  pois é, apesar de seguir um certo padrão, nem sempre bate exatamente. Para saber, somente vendo se a pintura é em nitrocelulose, se o bloco é em aço, etc. Veja abaixo uma ST57-115 serial JV com carimbo "B" no "neck pocket" para exemplificar:



Já ouvi gente falar que a melhor JV é aquela que tem o corpo em uma peça única...  bom, verdade, seria se realmente existisse...  até agora não vi nenhuma, nem na internet. Tem um cara que jura de pé junto que é inteiriço o corpo da guitarra deste link:

http://www.eddievegas.com/store/details/1982-JV-ST62_115-Fender-1962-Japan-Stratocaster-LOW-Ser_NUM_-Killer-Collector-Find!.php

Mas veja a tal guitarra:



                    ^
                    ^
Logo aqui é possível ver a emenda (a um dedo aproximadamente do "neck pocket", passando bem próximo dos furos do escudo)

E o mesmo na parte de trás, na mesma altura...  (coloquei as flechas para facilitar a visualização - clique na imagem para vê-la por inteiro)



O cara é um grande negociador lá dos EUA, mas foi infeliz nessa, inclusive disse que não aceitaria devolução sob o argumento de ser 2 peças, caso a pessoa achasse...  bom, lógico que se a pessoa não consegue ver isso na hora é porque não "manja" e vai acreditar no que ele está falando...  mas isso mostra o nível elevadíssimo de construção das JVs.

Quem souber de uma de 1 peça, envie-me fotos de alta qualidade que eu estou para ver uma...

 A vasta maioria é feita de 3 peças, podendo variar entre 2 a 4 peças. Hoje há modelos como a Strato VSP Japan que é quase no mesmo nível de qualidade (seria a STxx-115 de hoje).


Para mais informações sobre JVs, SQs, procure no Google em fóruns...  um dos sites que fala um pouco sobre é http://www.21frets.com/squier_jv/domesticjv.htm . Infelizmente não vou me extender mais pois são muitos detalhes que precisam ser analisados com fotos.



Réplicas de Fender Japan e/ou peças trocadas

Hoje em dia, existem muitas pessoas falsificando guitarras, e a única dica eu posso passar é que você pergunte para alguém que entenda, leve num luthier antes de comprar, ou confie na pessoa de quem compra. Se você é leigo e quer comprar, pesquise muito antes na internet e compare os detalhes. Tem vídeos no Youtube, vários artigos e fóruns. Novamente, são muitos os detalhes...  não dá para ficar citando um por um.


Informação "inútil" sobre escudos

Uma observação faço aqui é que todas as Fender Stratocaster Japan Standard, reedições '62 e '68, têm o escudo original com este parafuso equidistante dos dois captadores:

Nas Standards americanas e mexicanas, o furo é mais próxima do captador do meio, bem como nas reedições (mesmo Japan) '70 - '72. Mas troca de escudo é coisa simples e muita gente faz, mesmo que a furação não seja a mesma do original - não influencia em nada no som, só apenas um detalhe. Outra coisa com relação à escudo, é que os feitos para Fender Japan possuem um "rebaixamento" (corte inclinado) nos furos para que todos os parafusos entrem e fiquem rentes ao escudo.


Agradeço a visita e espero ter ajudado!
Por favor, só peço a gentileza de não enviar mensagens para tirar dúvidas com relação a preço de guitarras no geral, se é falsa ou não, qual madeira é esta ou aquela, se alguma peça foi trocada, qual é melhor ou pior, etc. São muitos detalhes e o melhor mesmo é levando alguém que saiba bastante sobre o assunto, e de preferência vendo ao vivo e a cores para avaliar tudo.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

FENDER JAPAN REISSUE - A história da Fender Japan (resumida)

A hISTÓRIA DA FENDER JAPAN


Contada de forma sucinta:


A Fender Japan foi oficialmente criada em março de 1982 como uma "joint venture" da Fender USA, Yamano Music Instrument (distribuidora da Fender USA e Gibson no Japão na época) e Kanda Shoki (distribuidora da Greco). Por volta de 1976-1980, muitas guitarras japonesas eram réplicas de Fender.
Fujigen investiu em maquinário para produzir um corpo com formato precisamente correto no menor tempo possível. As guitarras feitas pela Fujigen eram distribuídas com a marca Greco como "super real series". Contudo, Tokai e outros fabricantes faziam guitarras com alto padrão.

A tecnologia dessas guitarras foram avaliadas mundialmente como melhores que as Fender originais ***.
Parece que a Fender USA viu como solução para esse problema a criação da Fender Japan, para proteger o nome da marca e o seu mercado consumidor.

A Fender Japan iria ser produzida pela Tokai, em 1981/82, mas na última hora ela mudou de ideia e escolheu a Fujigen Gakki. Algumas réplicas Fujigen feitas entre 1982 e 97 tinham o braço feito pela Atlansia. A Tokai e a Dyna Gakki ficaram responsáveis pela fabricação das Fender Japan a partir de 1996/97. As feitas pela Tokai não eram exportadas mas as feitas pela Dyna Gakki foram exportadas. Esta última já havia produzido várias guitarras para a marca Greco da Kanda Shokai. A Terada produzia violões para a Fender Japan, como a Fender Catalina.


Posteriormente a Fender Japan encerrou o contrato com a Fujigen. Há rumores de que a Kanda e Fujigen começaram a apresentar sérios problemas de qualidade. Desde que a Fender Japan começou, a Fujigen era o seu principal fornecedor. A Dyna era sub-contratada da Fujigen também. A Fujigen não seguiram com o padrão de qualidade solicitado pela Fender e então, encerraram o contrato. A Fender Japan é administrada pela Kanda Shokai.
Existem rumores de que toda fabricação do braço e corpo das "Crafted in Japan" não são feitas no Japão, somente montadas pela Tokai/Dyna, mas não há provas...  algumas pessoas dizem isso, mas sem base alguma (pelo menos ninguém provou nada - caso tenha argumentos, contate-me, estarei aberto a novas informações).

Resumindo:

1982: Fender Japan começa a produção em Fujigen Gakki (firmou contrato com esta empresa). 
É usado o logotipo "Made in Japan" (MIJ).

1984: A CBS vende a Fender para um grupo de investidores, liderado por Bill Schultz, e enquanto esperava por uma nova fábrica nos EUA para iniciar uma nova produção, os modelos Fender Japan e estoque de peças USA foram vendidas nos EUA por alguns anos.

1992: A primeira aparição da inscrição "Crafted in Japan" (CIJ) em razão da Dyna Gakki assumir uma parte da produção, enquanto a Fujigen expandia suas operações.


1996/1997: A inscrição "Crafted in Japan" (CIJ) é usada ao invés de "Made in Japan" (MIJ). Tokai e Dyna Gakki assumiram integralmente o contrato de fabricação da Fender Japan, antes assumida pela Fujigen Gakki.



2010: Mudança de CIJ para MIJ.